Fitognose,  Bruxaria,  Bruxaria Verde

Ars Venefica

Ser uma bruxa das plantas, e especialmente das plantas venenosas, pode ser uma incursão dolorosa e mortal para o Outro Lado. Porém se tem uma coisa que gosto é de um desafio! E ousar na maioria das vezes nos leva a caminhos inesperados.

Mas o que é uma Venefica?

Venefica: em latim se refere a uma feiticeira que usou poções e venenos por várias razões, principalmente pessoais, eu diria. Diz uma certa lenda que Venefica é uma mulher que ingeria veneno em pequenas quantidades, aumentando a dosagem ao longo do tempo e criando uma tolerância completa, e seu corpo estava tão saturado com esses venenos que seu beijo era considerado mortal.

No entanto, meu objetivo não era dar um beijo mortal em ninguém , ao contrário eu encontrei muito consolo nesse caminho e senti que abusar de venenos dessa maneira seria contra indicado. Porém uma Venefica não é nada além de uma bruxa que prepara suas poções, filtros, unguentos e encantamentos com ervas venenosas na maioria das vezes.

É um caminho que não pode ser percorrido sem explorar sua Sombra e os territórios daimônicos do Outro Lado. Não há nada seguro nisso.

“Uma grande parte do Caminho do Veneno está em Conhecer a Si Mesmo assim como essa máxima de Conheça o Seu Próprio Veneno. “É um caminho que não pode ser percorrido sem explorar sua Sombra e os territórios daimônicos do Outro Lado. Não há nada seguro nisso.” Assim disse Dale Pendell em seu maravilhoso livro o primeiro de uma trilogia, facilmente encontrado em pdf Pharmako / Poiea .

Quando eu era criança costumava percorrer certos caminhos para chegar até o  Jardim da minha vózinha e para chegar a lugares diferentes, alguns eu evitava, outros apenas ficava mais e mais curiosa para percorrer  e só podia fazer isso durante o dia. Então sempre antes de dormir eu imaginava estar entrando num Jardim. Alguns caminhos eram mais perigosos que outros, alguns tinham cobras, outros tinham sapos, e muitas plantas estranhas e perigosas eu olhava fixamente para elas e cada uma delas me traziam um sentimento especial. Hoje eu ainda ainda visito esse jardim nos meus sonhos, mesmo que o tempo e outras adversidades tenham destruído a essência física de tudo. Esse jardim está profundamente infundido em meu coração e, sempre que penso nas raízes de minhas práticas, penso naquele lugar que minha avó cuidava com suas velhas mãos tortas pelo reumatismo e desgastadas pelo sol, suas unhas delicadas e  sujas de terra, seus cabelos em um coque cinza.

Quando ela morreu, eu não conseguia mais entrar em seu jardim, hoje eu cultivo algumas daquelas plantas , as mesmas que ela tinha naquela época e me ensinava para que servia cada uma delas. Quando sinto muita saudade dela, eu pego algumas sementes e cultivo, faço o chá que ela adorava de Capim Cidreira. E voo longe…

O fruto da árvore proibida no Jardim era um veículo não apenas do conhecimento, mas também da intoxicação, da indução de um estado alterado de ser, através do qual se poderia obter perspectiva e conhecimento estando fora de si ou além de si mesmo.

Após um tempo em que não parava  de pensar nessa época de descobertas, eu comecei a ler o livro: Thirteen Pathways of Occult Herbalism (Treze Caminhos do Herbalismo Oculto), Schulke descreve 13 jardins que podem ser alcançados por 13 ou mais caminhos. Esses jardins são conceitos imaginários que fazem uso de diferentes idéias ocultistas ; o planetário, o sensorial e  o mitológico. Isso me lembrou os diferentes caminhos e seções no Grande Jardim da minha saudosa avó.

Voltando para o Caminho dos Venenos, em seu livro Veneficium: Magic, Witchcraft and the Poison Path , página 17- Daniel Schulke nos dá uma informação bem interessante: “O congresso entre a Serpente e Eva inaugura, assim, um padrão de processo iniciático que continua ao longo do tempo mágico.” Em poucas palavras, percebo que essa é uma das razões pelas quais as bruxas adoram o Diabo. O fruto da árvore proibida no Jardim era um veículo não apenas do conhecimento, mas também da intoxicação,da indução de um estado alterado de ser, através do qual se poderia obter perspectiva e conhecimento estando fora de si ou além de si mesmo. Essa alteração do estado mental, por transe, ritual ou intoxicação, é um método central do trabalho da magia e da bruxaria.

Esta iniciação foi facilitada pela serpente. A serpente é um símbolo do conhecimento, da gnose e também do feiticeiro e da bruxa. A serpente é um símbolo dos veículos do poder das bruxas. A Serpente também é uma demonstração, ou uma inteligência do Poder que se manifesta em correntes dentro da Terra.

“No entanto, no que diz respeito aos venenos espirituais, o mais importante desses venenos não é auto-administrado, mas é dado pelo destino: doença, desgosto, morte de um ente querido, ou um golpe de má sorte.”

Daniel Schulke (Veneficium)

Bom eu quero terminar esses pensamentos e essas dicas de leitura dizendo: Ser uma bruxa é muitas coisas para muitas pessoas. Para mim, sempre foi algo no sangue e nos ossos. Você é ou não é uma bruxa. Não estou falando de ter nascido uma bruxa por hereditariedade, mas sim o conceito de “sangue bruxo”, que no fundo é sobre talento, habilidade, determinação, paixão e desejo. Você pode se enganar, pode até enganar os outros, mas não pode enganar os espíritos, sendo uma bruxa das plantas muito menos. Até a próxima pessoal!

Lucy Navarro

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